segunda-feira, julho 10, 2006

Próxima parada: Botafogo

A distância entre a Taquara e Botafogo sempre foi grande, mas apesar dos quilômetros nunca achei que fosse demorar tanto para chegar aqui.

Desde a primeira vez que eu estagiei em uma agência júnior de publicidade até o dia 27/03/06, que foi o tão esperado dia do ok virtual para o meu novo emprego, eu penei na mão de vários empregadores e fiquei ao sabor de toda sorte que fosse possível para um pobre estudante que não tinha um peixe. Um daqueles bons que conseguem botar você para nadar ao lado dos grandes. Mas pra mim, paciência e perseverança sempre foram as maiores virtudes que um caboclo assim como eu poderia ter. Aliás, essas sempre foram as palavras que nortearam a minha empreitada de me inserir no mercado publicitário do Rio.

Por isso, o saco de trabalhar na central de telemarkeitng mais xingada de toda a face da terra. Onde as palavras de introdução de cada ligação eram, nos melhores dias:
- Puta que pariu! Mas essa merda de Telemar... E assim por diante, até chegar no:
- Me desculpe, eu sei que a culpa não é sua, mas... Ok. Tudo bem. Afinal, quem está na chuva é para ficar encharcado; por isso, os nervos de aço para trabalhar com uma mulher que, como resumiu mais tarde com perfeição o meu atual chefe: - É muito destemperada; por isso, conseguir trabalhar em outros empregos com nomes muito bonitos, mas que na realidade poderiam simplesmente ter o nome de Corno’s Job. Nossa! E não foram poucos. Paciência. Aliás, muita paciência.

Tudo isso me fazia sentir-me uma puta de luxo pronta para ser usurpada mais uma vez. Uma puta com o diploma embaixo do braço, mas sempre disposta a ser pilhada pelo primeiro que me enganasse e me fizesse permanecer sonhando e acreditando no futuro que estaria por vir.

Enfim, cá estou. Nestes últimos anos foram muitos esporros, muita chibatada no lombo, muito sapo engolido. Como diria nosso Rei do Baião: “Eu penei, mas aqui cheguei”. Cheguei com menos certeza do que ontem, mas com muito mais determinação e obstinação. Com vontade de aprender o mundo em sete dias, com mais gás, acreditando mais no meu trabalho e no retorno que ele pode me dar. Tenho noção do meu valor e sei que quero mais, muito mais.

Começo a entender a cabeça dos sonhadores: ela nunca pára, está sempre em busca do próximo sonho. Mal se realiza um e você já quer outro para suprir a falta que faz o anterior. Entendo a cabeça do moleque de Bauru que hoje vai para o espaço com um monte de russos. Sonho de criança... Pois que mandem o bauruense para cá! Porque nas estrelas eu já estou, agora só falta conquistar a galáxia, quiçá o universo. O céu não é o limite, é apenas o mínimo para a minha vontade de vencer.

Acho que no fim das contas esse meu novo emprego é o meu atalho para a próxima estação. Para o próximo desafio. Botafogo já não me parece mais tão distante. Já começa inclusive a ser um bairro hospitaleiro. Meu trabalho, minha esperança e os meus sonhos são o meu “táxi pra estação lunar” e continuarão me levando longe. Muito longe.

Esse texto foi concebido no dia 29/03/06

2 comentários:

Anônimo disse...

Será que tem agência no espaço?

Anônimo disse...

Aprendi muito em cinco anos e meio neste ponto de táxi, meu camarada. Nunca, mesmo nos tempos difíceis, deixei de sonhar. O sonho alimenta a alma, e os projetos e vontades são a extração disso que nos move.

Ainda estou fazendo meu caminho, não sei aonde vai dar, mas sei que tomei a decisão certa e que vou continuar aprendendo, sempre. Só o tempo dirá se para tudo isso haverá recompensa. Tomara que sim.

Um abraço e boa sorte na Via4.
Alexander

PS: putz, escrevi esse comnentário em uns 20 segundos... escrever é mesmo um vício!